terça-feira, 1 de março de 2011

DEPRESSÃO PÓS PARTO

Mãe,

Principalmente as que acabram de dar à luz seus filhos e encontram-se muito sensíveis, quase pirando...

Como é complicado, de repende, um ser tomar conta da sua vida integralmente, não é mesmo? Você se vê de mãos atadas para realizar qualquer outra atividade, como ir ao salaão de beleza.

Ser mãe pela primeira vez não é uma tarefa lá muito fácil. Envolve muuuuuitos sentimentos, pois além de ter que exercer esta nova função, você continua sendo a esposa, a dona de casa, a profissional, a filha, etc.

E, como se não bastasse, as pessoas do seu convívio social parecem não se interessar mais por você: só pelo seu bebê.Daí suregem várias dicas, milhares de conselhos e exemplificações sobre como você deve criar SEU filho(a).

Neste momento, tenho certeza que sua vontade é de gritar: "Poxa! Deixem que eu crio MEU filho(a) do MEU jeito!!"

Muitas mães acabampor não aguentar tamanha pressão e imergem na tal da depressão pós parto. Logo que há outros motivos que levam a tal da depressão, outros muito mais graves e complicados...

Vejam bem, não sou médica, nem tampouco estudiosa do assunto. Estou considerando aqui alguns fatores que acredito sensibilizarem ainda mais estas novas mães.

Quando descobrimos que estamos grávidas, e que nada havíamos planejado, o risco de entrar neste mundo triste e cinza é bem maior. Ainda mais quando nos sentimos desamparadas, ou apontadas pela sociedade. Acontece, que também nos culpamos por isso. Nos tocamos que vamos 'perder' a nossa independência e virar 'escravas' de um bebê que não sabe se comunicar, que depende de nós... Acabaram-se as festas, baladas, raves, pagodes e bailes funks. Espetáculos teatrais, estréias do cinema nacional, shows, viagens em feriados, namoro...

Lógico que tudo que escrevo aqui será mais bem entendido por mulherese que engravidaram por descuido, de famílias tradicionais e, acima de tudo, responsáveis pelos seus atos. Às vezes, a pressão nem vem de todos os lados (só de alguns) como disse anteriormente. Muitas das vezes nós mesmas é quem mais nos acusamos por tamanho descuido.

Também quero deixar bem claro que este meu discurso nãotem o objetivo de deixar margens para que pensem que culpo nossos filhos pela perda da nossa solteirice. Simplesmente, quero que percebam que tudo tem seu tempo. E essa fase de aceitação e adaptação com um novo ser humano, tão pequenino e indefeso, nos faz ter medo de errar, de novo.

Depois deste baque todo, cadia dia será mais apaixonante. PRINCIPALMENTE quando ele atingir 1 ano e começar a interagir mais com você. Depois você começa a ficar loucamente doida pelo seu filho(a). Depois dos 2 anos você já não cumprimentará mais ninguém em casa antes dele(a).

Bom, mas enfim, toda esta introdução, é para contar a vocês, uma história que me fora compartilhada, ontem, enquanto eu voltava para casa, por uma moça de 25 anos que está na luta, ainda, para superar a depressão adquirida desde a 1ª gestação. Ela mostrou-me muito determinada, corajosa e com iniciativa, mesmo quando o mundo parece ter dado as costas para ela...

A nossa conversa começou com outro assunto: epor conta do trânsito e da chuva ela havia perdido a entrevista esperada durante um ano, para conseguir uma bolsa de estudos numa determinada faculdade. Seu sonho, hoje, é fazer faculdade de secretariado.

Leia sobre sua experiência maternal/gestacional, resumidamente:

Ainda namorando engravidou. O namorado sugeriu o aborto. Chocada, negou o pedido.

Conformados com a situação, casaram-se.

Passaram a desejar que fosse um menino para dar continuidade nos negócios do pai. Veio uma meninA. A moça, em nenhum momento, havia esquecido o pedido do aborto, apenas o colocou numa pastinha guardada nos seus sentimentos. A chegada da menina levou-a à depressão. Acompanhada de profissioanis, fez suas terapias e após dois anos engravidou. Não houve reprise do pedido por parte do marido, mas teve que suportar sua família com discursos sócios culturais. Seu marido havia sido preso. Extelionato.

Ah, daí ela surtou! Durante a 2ª gestação, depressiva do jeito que estava, sem amparo da família, sem marido, começou a comportar-se de modo preocupante. A família resolveu cuidar dela até nascer a criança: meninA.

Acompanhada de psicólogos e outros terapeutas, semanalmente, considerou a hipótese de sair da casa dos pais.

Casou pela 2ª vez.

Engravidou...

Mas o casal estava feliz, ela estava feliz, aparentemente, receosa com a possível volta da depressão. Ambos sonhavam com um menin para chamá-lo de Miguel que ocuparaia um quarto em tom verde com tema Zoo e cortinas de voil brancas.

De repente, o medo voltou a sondá-la, então optpu por não querer saber o sexo do bebê até a hora do nascimento. Contudo, sua vontade tomou outro caminho...

No 5º mês de gestação, tomada por um pânico incontrolável, seu marido achou que fosse melhor interná-la. Na clínica fizeram um ultrassom que demorou mais de 45 minutos. O técnico não guardou segredo e disse o sexo do bebê: MENINO.  Emocionada, começou a tentar identificar os traços do Miguel naquele visorzinho sem vergonha, em preto e branco, de clínicas inferiores...

Quando questionado o por quê da demora do procedimento do ultrassom, o técnico, secamente, disse que haviam algumas más formações em seu filho: ele não tinha pés e nem as mãos. E foi além: disse que dificilmente sobreviveria... Na verdade ele disse que ele morreria. É que eu fiquei chocada quando ouvi isso e não queria colocar aqui... Desculpem.

Orientada a entrar com o pedido de aborto, ficou sabendo que o processo levaria em torno de 4 meses...

Fizeram os cálculos??

Pois bem, mais no fundo do poço do que nunca, esta guerreira esperou até o momento de dar à luz o Miguel que viveu durante 3 horas e faleceu.

A mãe pediu para doar os órgãos : córnea, pele.... Pedido negado, pois tratava-se de um ser humano com doença, provavelmente genética. Então pediu para doar o corpo para estudo. Pedido negado, pois tratava-se de um ser humano, e eu não entendi esta parte jurídica. Por último, pediu à família que a polpassem de velar o tão esperado Miguel. Este pedido foi atendido e entendido por todos.

Adeus quarto verde, Zoo, cortinas de voil. Adeus meu menino, Adeus Miguel.

Então as sessões terapeuticas foram largadas de vez, há um mês, pois ela deciciu dar a volta por cima, por si só. Esta história não tem 1 ano.

Esta mulher vive numa luta contra a depressão, diariamente, que quer voltar a dominá-la.Pensamentos suícidas ainda rondam sua cabeça.

Ela tem que tomar muito cuidado. Dependendo do seu comportamento ainda ode perder a guarda de suas filhas...

E um dos meios que ela encontrou para aliviar toda esta dor que acumulou-se dentro dela foi contar sua história para outras mulheres.

Eu percebi que reclamo, às vezes, por muito pouco. Que também tive minha gravidez, 'implanejada', com pais super críticos que me ignoraram. Mas meu marido, na época namorado, apoiou-me totalmente desde a apresentação do teste da farmácia. E isso foi FUNDAMENTAL.  Lógico que depois que a cça nasce os pais viram avós abobalhados que fazem tudo que os pirralhos querem e acabam estragando o tipo de educação que queremos dar.

Mas esta mulher mostrou que a história dela é muito mais triste que a minha. E muito  mais intensa.

É por isso que temos que agradecer, todos os dias, por tudo que temos, e reavaliar um monte de conceitos.

Um passo de cada vez. Sempre em frente. A vida nos ensina qual o melhor remédio para todos os males.

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